Sou só eu, ou alguém mais por aqui não viu a cara de um recenseador do IBGE batendo na porta de casa? Até vi alguns rapazes e moças com o colete do Censo 2022 circulando pelas redondezas – três, para ser mais exato; um deles na minha rua – mas em casa mesmo ninguém mostrou seu sorriso cativante. O que me fez levantar a dúvida: o recenseamento é feito mesmo de casa em casa, ou é por amostragem?
Uma nota publicada pelo
governo pouco antes do início da coleta, em 1º de agosto do ano passado, informava
que “durante os
próximos três meses, os pesquisadores irão a todas as residências dos
5.570 municípios do país’. Incluída a minha, suponho. Note-se que o ‘durante
os próximos três meses’ terminaria em outubro, mas soubemos das dificuldades geradas
pelo número reduzido de recenseadores e os ‘próximos três meses’ vão terminar
só no final de fevereiro.
Posso estar
enganado, mas acho que, além da minha, muitas outras casas não receberam a
visita do IBGE. Por isso, a estimativa atual da população no país está bem
abaixo da que o instituto vinha fazendo ao longo dos anos. Acho que são quatro
milhões para menos, o que faria supor que eu e mais 3.999.999 habitantes não fomos
alcançados pelos fazedores de estatísticas.
Vi pela tevê
outro dia, e confirmei no próprio site do IBGE, que os ‘esquecidos do Censo
2022’ – aqueles que não receberam a visita dos recenseadores – poderiam corrigir
o problema ligando para o número 137. Depois de várias tentativas, concluí que,
ou há quatro milhões de pessoas ligando ao mesmo tempo, ou, como espelho do
número baixo de recenseadores, há pouca gente para atender ao telefone. Só dá
ocupado!
Quero lembrar
que hoje é 20 de janeiro e que a coleta de dados deve estar concluída dentro de
pouco mais de um mês. Sei que já terminaram os levantamentos em muitos estados,
mas aqui em casa, ó, ainda não passaram, não! Já li sobre quilombolas, já li
sobre as populações originárias, já li que, há uma semana, o Piauí tinha
entrado na reta final, e que Santa Catarina tem 1.993.012 domicílios
registrados...
Não sei se
minha casa não está entre esses domicílios registrados, e por isso os
recenseadores passaram em frente e fingiram que não viram, ou se realmente
somos vítimas do percalço da falta de coletores de dados. Só sei que sempre tem
gente em casa, e a desculpa de que bateram e ninguém atendeu não cola. Vou
continuar tentando o 137 – quem sabe antes do final de fevereiro alguém atenda –
porque não há nada mais excludente do que não constar num Censo feito pelo meno
há cada dez anos!
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