sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Excluídos do IBGE

 Sou só eu, ou alguém mais por aqui não viu a cara de um recenseador do IBGE batendo na porta de casa? Até vi alguns rapazes e moças com o colete do Censo 2022 circulando pelas redondezas – três, para ser mais exato; um deles na minha rua – mas em casa mesmo ninguém mostrou seu sorriso cativante. O que me fez levantar a dúvida: o recenseamento é feito mesmo de casa em casa, ou é por amostragem?

 

Uma nota publicada pelo governo pouco antes do início da coleta, em 1º de agosto do ano passado, informava que “durante os próximos três meses, os pesquisadores irão a todas as residências dos 5.570 municípios do país’. Incluída a minha, suponho. Note-se que o ‘durante os próximos três meses’ terminaria em outubro, mas soubemos das dificuldades geradas pelo número reduzido de recenseadores e os ‘próximos três meses’ vão terminar só no final de fevereiro.

 

Posso estar enganado, mas acho que, além da minha, muitas outras casas não receberam a visita do IBGE. Por isso, a estimativa atual da população no país está bem abaixo da que o instituto vinha fazendo ao longo dos anos. Acho que são quatro milhões para menos, o que faria supor que eu e mais 3.999.999 habitantes não fomos alcançados pelos fazedores de estatísticas.

 

Vi pela tevê outro dia, e confirmei no próprio site do IBGE, que os ‘esquecidos do Censo 2022’ – aqueles que não receberam a visita dos recenseadores – poderiam corrigir o problema ligando para o número 137. Depois de várias tentativas, concluí que, ou há quatro milhões de pessoas ligando ao mesmo tempo, ou, como espelho do número baixo de recenseadores, há pouca gente para atender ao telefone. Só dá ocupado!

 

Quero lembrar que hoje é 20 de janeiro e que a coleta de dados deve estar concluída dentro de pouco mais de um mês. Sei que já terminaram os levantamentos em muitos estados, mas aqui em casa, ó, ainda não passaram, não! Já li sobre quilombolas, já li sobre as populações originárias, já li que, há uma semana, o Piauí tinha entrado na reta final, e que Santa Catarina tem 1.993.012 domicílios registrados...

 

Não sei se minha casa não está entre esses domicílios registrados, e por isso os recenseadores passaram em frente e fingiram que não viram, ou se realmente somos vítimas do percalço da falta de coletores de dados. Só sei que sempre tem gente em casa, e a desculpa de que bateram e ninguém atendeu não cola. Vou continuar tentando o 137 – quem sabe antes do final de fevereiro alguém atenda – porque não há nada mais excludente do que não constar num Censo feito pelo meno há cada dez anos!

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